Meus olhos
ardem, meus sonhos incendeiam-se,
Minhas
verdades calam-se.
Meu mundo...
impossível.
Minha
garganta seca, meu sangue fervilha,
Minhas idéias
atropelam-se.
Minha vida... impresumível.
Minha pele
arrepia, meu coração soluça,
Minha mente
confusa.
Meu amor... indestituível.
Vozes
noturnas sobrevoam minha languidez.
Absorta em
pensamentos inúteis,
desprendo-me
de minha sensatez.
Meus olhos gotejam sangue
em cada esquina,
Deixando
marcas em teu destino.
Das vezes
que de teu amor fui mendiga.
Um grito
estanque em meu corpo que treme...
Não
há vitoriosos ou vencidos
Quando a
chama deixa de existir.
Assim,
nesse espectro de mim,
Não
há encontro, apenas partidas.
Não há
mais vida, não adianta resistir.
Num impulso
busco tuas mãos...
Nesse
encontro que não acontece,
Meu corpo
pela última vez, estremece.
Não estou
sozinha, contudo.
Vozes e
soluços,
Ao longe
ainda escuto.
E um
anjo de asas escuras,
abraça-me,
conforta-me e me conduz
por um
breve caminho, distante da luz.
Calmamente
recolhe de meus olhos,
Minhas lágrimas
e meus medos,
Retendo-os
firmemente entre seus dedos.
Meu corpo
parece planar,
Não há
mais dor, não há mais tristeza,
Não há
mais por quem sorrir ou por quem chorar.
Meu corpo não
mais me pertence,
Não há
mais nada de bom ou ruim,
Não há
algum sentimento dentro de mim.
Somente o
anjo de asas escuras,
Levando
para longe das auroras turvas,
Quem
amou desesperadamente,
E que
agora é espectro somente.