Onde estão nossas crianças?
Não as encontro mais nas
escolas, nem nos quintais,
Não mais as encontro nos rostos
e corpos infantis
Que perpassam meu desalento,
Não mais as encontro nos
meninos e meninas,
De nosso furioso tempo.
Onde estão nossas crianças,
De inocência e felicidade
Estampada na vida,
Que brincavam na simplicidade,
Tornavam nosso viver mais
encantado,
Com seus, belos e verdadeiros,
sorrisos fartos?
Onde estão nossas crianças,
De amizades sem retribuições,
Que guardavam a Deus em seus
corações,
Que acreditavam nos anjos,
Que toda a noite vinham lhes
guardar em orações?
Onde estão nossas crianças,
Que desarmavam qualquer rancor,
Aliviavam toda forma de dor,
Com a sinceridade de seu amor,
Que nos faziam acreditar em um
novo tempo,
Pela pureza e força de seus
sentimentos?
Onde estão? ... Eu gritoooooooo...
E meu grito não é atendido...
Eu não as encontro...
Eu as encontro e as perco...
Eu grito!!!
Se encontram nos pátios e nas
ruas sujas,
Repletas de curtas e eternas
"viagens",
Buscando alguém para "ficar",
Marcando encontros nos
desencontros,
Escrevendo e lendo bobagens,
A vida sem poesia nas telinhas,
De seus celulares.
Se encontram revirando seus
destinos,
Nos chicletes sem gostos,
Nas bocas sem argumentos,
Nas roupas displicentes,
indecentes,
Olhos vermelhos e escondidos
atrás de seus bonés,
Na prepotência inculcada nos
gestos,
Nesses adultos em miniatura
Que tornam seu TEMPO PRÓPRIO
ausente.
Se encontram perdidas no mundo,
Dividindo espaços e perdendo
talentos
Com milhões de adultos
perversos,
Que não mais lhes servem como
bons exemplos,
Que destruíram seus sonhos e
crenças
E deixaram de futuro, o
presente como modelo...
Se encontram plantando desejos
Na superficialidade,
Servos da moda, da tecnologia,
da atualidade...
Da aparência irreal
Na vida virtual,
Metidas na mendicância,
Descartando suas infâncias.
A cada geração
nossas crianças,
mais adultos se parecem,
perdendo esperanças...
Onde está o nosso tempo
Da infância querida,
Enquanto nossas crianças e
jovens
Vivem a infância perdida?
Onde está? ... Eu gritoooooooo...
E meu grito não é atendido...
Eu não o encontro...
Eu o encontro em meu passado
e o perco no meu presente...
Eu grito!!!
Onde estão nossas crianças?
Onde está o tempo bendito?
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